A Dieta Cetogênica no Tratamento da Epilepsia Infantil: Uma Abordagem Nutricional Promissora
A epilepsia infantil é uma condição neurológica que afeta crianças, causando episódios recorrentes de convulsões.
Apesar dos avanços na medicina, algumas crianças podem continuar a enfrentar desafios significativos no controle das crises epilépticas.
Uma abordagem nutricional chamada Dieta Cetogênica tem emergido como uma estratégia promissora no gerenciamento da epilepsia em crianças.
A Crise Epiléptica na Infância
A crise epilética ocorre em decorrência de atividades neuronais síncronas ou excessivas no cérebro, causando sinais ou sintomas anormais súbitos e breves como alterações da consciência, eventos motores, sensitivos e sensoriais, autonômicos ou psíquicos involuntários.
Tal patologia é muito comum durante a infância e, consequentemente, mais grave, pois está envolvida no processo de crescimento e desenvolvimento da criança.
A dieta cetogênica é uma abordagem não farmacológica para a epilepsia refratária, usada quando há falta de resposta ao tratamento com dois ou mais medicamentos antiepilépticos para controlar as crises.
Após a avaliação dos estudos, verificou-se que a dieta cetogênica é uma alternativa eficaz de tratamento para epilepsia, desde que seguida corretamente, caracterizada pela alta concentração de lipídios e restrição de proteínas e carboidratos, o que representa um grande desafio ao nutricionista para adequar a alimentação de acordo com as necessidades nutricionais de cada criança e que permita maior cooperação e adesão ao tratamento por parte do paciente e dos seus familiares.
Fonte: v. 9 n. 1 (2020): Revista de Medicina e Saúde de Brasília
O que é a Dieta Cetogênica?
A Dieta Cetogênica é um plano alimentar de baixo teor de carboidratos, moderado em proteínas e rico em gorduras saudáveis. O objetivo é induzir o corpo a um estado metabólico chamado cetose, onde ocorre a queima de gordura para obtenção de energia. Esta mudança no metabolismo pode ter efeitos benéficos no controle das crises epilépticas.
Como Funciona na Epilepsia Infantil?
Embora o mecanismo exato não seja totalmente compreendido, acredita-se que a cetose tem um impacto positivo na excitabilidade neuronal, reduzindo a frequência e a intensidade das convulsões. Além disso, a dieta pode influenciar positivamente a produção de neurotransmissores e estabilizar a atividade elétrica cerebral.
Implementação da Dieta Cetogênica em Crianças:
- Avaliação Médica: Antes de iniciar a Dieta Cetogênica, é crucial que a criança seja avaliada por um profissional de saúde, como um neurologista ou nutricionista especializado.
- Rácio de Macronutrientes: A dieta é frequentemente composta por aproximadamente 70-80% de gorduras, 15-20% de proteínas e 5-10% de carboidratos. A ingestão precisa é calculada de acordo com as necessidades individuais da criança.
- Acompanhamento Regular: A criança é monitorada de perto por uma equipe médica especializada para ajustar a dieta conforme necessário e garantir que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas.
- Possíveis Efeitos Colaterais: A transição para a cetose pode causar efeitos colaterais temporários, como fadiga, irritabilidade e constipação. Estes geralmente diminuem com o tempo.
Resultados e Evidências:
Estudos clínicos e relatos de casos têm demonstrado que a Dieta Cetogênica pode ser eficaz na redução das convulsões em crianças com epilepsia refratária. Embora não seja uma cura, pode proporcionar uma melhoria significativa na qualidade de vida.
Considerações Importantes:
- Supervisão Profissional: A implementação da Dieta Cetogênica em crianças com epilepsia deve ser feita sob a orientação de profissionais de saúde qualificados.
- Sustentabilidade: A dieta pode ser desafiadora para algumas crianças e suas famílias. A adesão estrita é essencial para obter resultados consistentes.
Conclusão:
A Dieta Cetogênica representa uma abordagem nutricional inovadora no tratamento da epilepsia infantil. Embora não seja apropriada para todas as crianças, especialmente aquelas com certas condições médicas, pode oferecer uma alternativa valiosa para aquelas cujas convulsões não respondem adequadamente a tratamentos convencionais. A colaboração estreita entre famílias, profissionais de saúde e nutricionistas é essencial para o sucesso e segurança dessa abordagem única.